quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fotos dos Workshops

Mulheres na roda!

Artigo :: Marise Sampaio Dias

A Roda das Deusas – Uma experiência com grupo regular de mulheres.
Marise Sampaio Dias*


À medida em que a mulher trabalha terapeuticamente, a partir da linguagem das deusas, ela penetra o universo da psique feminina e obtém um modo claro e bastante eficaz de descrever, analisar –e ver analisado- o próprio comportamento, atitudes, escolhas, padrões de personalidade e relacionamento, bem como –e seguramente o mais importante- obtém um modo objetivo de visualizar e buscar dentro de si, as qualidades necessárias para superar suas dificuldades e crescer para além das limitações que lhe foram impostas e/ou que elas próprias se impuseram e criaram para suas vidas.

Torno minhas afirmações mais claras a partir de exemplos concretos:

Uma mulher que é mãe dedicada, que vive e se realiza através dos filhos, e que tomada por tal tarefa decide abandonar a faculdade para ser mãe em tempo integral, terá a chance de fazer uma leitura muito objetiva de si mesma e das suas escolhas, ao conhecer e se identificar com a deusa mãe.
Com facilidade, esta mulher concluirá: “Sou como Deméter e provavelmente quando meus filhos crescerem e se tornarem independentes, estarei perdida e sem rumo. O que me restará?
Isto porque, o mito da deusa Deméter, oferece a esta mulher uma antecipação de um padrão de sofrimento e dificuldades psicológicas que seguramente serão sentidas se a vida imitar o mito e esta mulher não puder ir além das escolhas arquetípicas feitas pela Deméter.
No entanto, através do conhecimento das deusas, ela também se recordará que em sua trajetória teve uma conexão com Atenas, quando decidiu fazer uma faculdade motivada pelos ideais de realização desta deusa, e podendo estar um pouco livre da dominação de uma só deusa, descobrirá outros potenciais de realização dentro de si. A partir desta abertura e desenvolvimento de outros aspectos e possibilidades (deusas) em si, o padrão de sofrimento inerente ao mito da Deméter poderão ser evitados.
É claro que esta mulher continuará amando e cuidando dos seus filhos e provavelmente esta será a sua principal fonte de satisfação, mas, ela saberá que suas possibilidades serão infinitas e de acordo com suas próprias escolhas ela optará por quais deusas desenvolver.
Ela poderá retomar seus estudos concluindo o seu curso (Atenas); ela poderá dar mais energia e atenção ao seu relacionamento com o marido (Hera) e decidir que, além de mãe, é também mulher, e com isto tratar-se com mais amor e buscar o prazer nas pequenas coisas (Afrodite). Com tudo isto, estará colocando-se numa posição de ser até uma mãe (Deméter) mais positiva para os filhos, fugindo assim das armadilhas da deusa e lhes garantindo por exemplo, o direito de tornarem-se independentes, dando o espaço para que cresçam.

Um outro exemplo interessante, pode ser obtido a partir de uma mulher com estrutura arquetípica totalmente inversa. Extremamente independente e bem posicionada profissionalmente, por volta dos 35 anos, esta mulher percebe o seu vazio afetivo, a sua solidão e a ausência de prazer em sua vida. Não será difícil, tecer pela revisão das suas escolhas e trajetória de vida, a sua conexão com as deusas Ártemis e Atenas, tanto em suas realizações positivas, quanto em seus aspectos negativos.
Felizmente, temos a chance de rever e refazer escolhas, quando nos tornamos conscientes das forças que nos movem externa e internamente, e esta mulher terá a possibilidade de cultivar Hera e Afrodite em sua vida. Pouco a pouco, será capaz de ir depondo as suas armas e ir se abrindo para a própria vulnerabilidade e sentimentos.

Tem sido uma experiência absolutamente fascinante, acompanhar nos últimos 4 anos um grupo regular de mulheres, que se reúnem a cada 15 dias e dezenas de exemplos que, como estes, nos contam histórias de transformação e crescimento, a partir deste conhecimento, que gera autoconhecimento.

Através das vivências e das partilhas em grupo, as vemos tomando contato com as deusas excluídas e que se tornam concretamente conhecidas através dos depoimentos e escolhas das outras mulheres; na mesma medida em que ensinam e apóiam as outras mulheres a tomarem contato com o que lhes falta através da sua própria experiência e influência, no modo de perceber as situações e se posicionar ante cada desafio. É um encontro de deusas!
Nos causa muito prazer ver estas mulheres caminhando livremente e com segurança rumo à própria integração e integridade; entre lágrimas, risadas, e deste jeito tão feminino! Com respeito pelas diferenças e pela própria autonomia; conscientes de que lhes cabe dar sentido e rumo à própria vida.

Grupo de Mulheres

Um dos grupos de Mulheres 2004:

Artigo :: Marise Sampaio Dias

As deusas como caminho de autoconhecimento.

Jean Shinoda Bolen (1), nos presenteia com as suas pesquisas sobre o feminino, fundamentando a sua percepção em relação à psicologia feminina, unindo insights feministas à psicologia arquetípica Junguiana, descobrindo que um novo nível de compreensão emerge no momento em que estas perspectivas são consideradas juntas.

A partir desta ampliada e dupla visão, podemos ver a mulher entre dois campos de influência: Internamente, ela é influenciada pelos arquétipos, que podem ser personificados pelas deusas gregas ,e externamente, pelos chamados estereótipos culturais, que moldam o comportamento da mulher, incentivando o desenvolvimento de alguns desses arquétipos (deusas) e freando ou punindo o desenvolvimento de outros.

Foi Jung (2) quem nos trouxe o conceito de arquétipos, que de modo resumido e simplificado, podemos traduzir por: modelos de comportamento instintivo contido no inconsciente coletivo (a parte universal do inconsciente), com conteúdos e padrões inatos e preexistentes, comuns a todas os indivíduos.

As deusas nos são tão familiares porque os seus mitos e representações são arquetípicos, e juntas, elas personificam o total das possibilidades e expressões do feminino; incluindo as características e padrões de comportamento que podem ser partilhadas por todas as mulheres.

Como arquétipos, as deusas existem além do tempo e expressam-se sem considerações individuais. Enquanto forças interiores extremamente poderosas, elas podem moldar o comportamento, inclinações, habilidades, escolhas, relacionamentos e determinar em conjunto com os estereótipos e pressões externas, a trajetória de vida da mulher.

Costumamos dizer que não precisaríamos estar ocupadas com o inconsciente, se isto não determinasse tão fortemente as escolhas que fazemos sem saber que fazemos (são inconscientes) e que na sua totalidade significam a trajetória nossas vidas.

Antes do conhecimento de que há um padrão subjacente de deusa(s), que tentam realizar-se através dela, o que mais pode fazer a mulher, senão viver inconscientemente o mito, saboreando as suas conquistas e pagando o preço das suas armadilhas?

Mas, quando uma mulher passa a conhecer e nomear as forças que a influenciam, e a identificá-las dentro e fora de si, ela adquire uma espécie de poder capaz de transformar a sua vida e os seus relacionamentos.






(1) Jean Shinoda Bolen, As Deusas e a Mulher – Nova psicologia das mulheres
(2) Carl G. Jung, O homem e seus Símbolos

Reportagem do Correio da bahia :: Oráculo / Deusas que habitam em cada mulher

Quinta-Feira, 14 de Agosto de 2003

Bazar
Oráculo / Deusas que habitam em cada mulher
Os mitos gregos são a fonte de trabalho de psicólogas que ajudam mulheres e meninas a se autoconhecerem


É inegável o fascínio que os mitos - principalmente os gregos - exercem sobre as pessoas e, embora existam há mais de três mil anos, é indiscutível também sua atualidade. Isso leva os estudiosos a afirmarem que a mitologia estará sempre ajudando a humanidade a crescer. Por esse motivo os mitos estão estão sempre inspirando trabalhos como o da psicóloga Eduarda Dórea, que utiliza o estudo das deusas gregas como base para grupos de crescimento para meninas de 8 a 18 anos; e das psicólogas Marise Sampaio e Martha Leal, que esta semana lançaram as Cartas das deusas (leia quadro), baseadas no estudo dos mitos femininos gregos. No final do mês, a dupla se dedica ao trabalho que originou as cartas, a Vivência das deusas, um workshop de autoconhecimento só para mulheres.


Realizada há sete anos e já compartilhada com mais de 500 mulhres, a vivência as ajuda na identificação com o padrão arquetípico que rege cada mulher. "Ao nos aproximarmos das deusas estamos nos permitindo uma visão mais clara e objetiva de nós mesmas", observa Marise. Esta descoberta serve de orientação para que cada uma possa evitar a trajetória negativa comum indicada por cada mito. "A Heloísa, da novela Mulheres apaixonadas, por exemplo, que encarna o mito de Hera, saberia que com esse comportamento ela busca sua ruína", exemplifica a psicóloga. O que ela poderia fazer, nesse caso, ensina, seria buscar a sabedoria de outra deusa para tentar mudar um final trágico.

Mas, se parece difícil para cada pessoa conhecer-se internamente, mais penoso ainda é crescer. Afinal, são muitas mudanças acontecendo em um espaço de tempo muito curto. É esse suporte que a psicóloga Eduarda Dórea procura dar às meninas que participam de seus grupos de crescimento. Trabalhando com elementos da natureza, das artes plásticas, dos contos de fadas e das deusas gregas, ela ajuda garotas a amenizarem suas dificuldades.

"Podemos perceber a falta de propósito e de direção crescente entre os jovens, a banalização da sexualidade e outros fatos como o despreparo para os relacionamentos que os adolecentes vivem hoje", comenta a psicóloga. O trabalho com as deusas vai ajudá-las principalmente a descobrir os mistérios do feminino. Em grupos divididos por faixas etárias, elas se reúnem uma vez por semana, durante nove meses, no Ateliê Psiquê, para partilharem seus sentimentos e vivências cotidianas. De acordo com Eduarda, o principal objetivo do Encontro de deusas é assistir as meninas neste momento "para que assim possam realizar uma transição mais harmônica entre a infância e a vida adulta".


As Cartas


Encontro com as deusas interiores é uma publicação independente, disposta em lâminas separadas, para dinâmica de consulta oracular. Elaboradas desde 1996, como resultado da pesquisa de Marise e Martha, as cartas têm o objetivo de gerar insights para ajudar na compreensão dos diferentes momentos de vida de cada mulher. Ilustradas por Igor Facchinetti, com base na tipologia estética da mulher brasileira, dão algumas dicas para as consultantes. As cartas podem ser encontradas na Livraria Jhana. Preço: R$20.

Autores das Cartas das Deusas: Ighor Facchinetti, Marise Sampaio Dias e Martha Leal.

Encontro Com as Deusas Interiores

Para nós foi uma grande alegria dar vida às Cartas das Deusas, um complemento do trabalho realizado em consultório e em Workshops nos quais, fazemos uma ponte entre nossas clientes e esta imensa riqueza presente no inconsciente coletivo, que são os arquétipos do feminino – as nossas Deusas - que tão profundamente afetam e determinam nossas vidas.


Estas cartas foram criadas para proporcionar a cada mulher encontros consigo mesma. Através das “mensagens das Deusas”, insights podem surgir e auxiliar no processo de auto-conhecimento e na busca de atitudes com vistas ao próprio crescimento.

Desejamos que estas cartas toquem a alma feminina positivamente e que cheguem onde devem chegar.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Marise Sampaio & Martha Leal

O Workshop das Deusas “nasceu” em 1996.
Martha e eu tínhamos consultório na Phoenix, e nos intervalos, falávamos sobre muitos assuntos.
Até que um dia comentei sobre uns estudos que estava fazendo sobre a relação entre mitologia e psicologia, Martha imediatamente se interessou, gostávamos muito de Jung e destas conversas, surgiu à idéia de uma vivência voltada para o público feminino.
Com o passar do tempo, o workshop teve muitas alterações e avanços em todos os sentidos, incluindo a nossa própria familiaridade com as Deusas (em nós e nas mais de 1.000 mulheres que participaram deste trabalho ao longo dos anos).
Posso dizer que construímos passo a passo um caminho, que reuniu estudo, observação, intuição, paixão, desejo de servir, gratidão, aceitação...
As Deusas nos deram incríveis insights sobre nós enquanto mulheres e sobre o nosso trabalho enquanto terapeutas. De repente, as nossas clientes surgiam com tanta clareza diante de nós, porque as víamos além dos olhos comuns, mas na dimensão arquetípica.
 Através das Deusas, entendemos que podíamos prever uma trajetória e ajudar cada cliente a se ver e a se conhecer de modo profundo, com simplicidade, com rapidez, com intensidade, e com...  Alegria!
Isto sempre nos encantou: A alegria que acontece quando mulheres se reúnem numa roda para crescer juntas!
Em 2005, Martha teve um problema grave de saúde, e precisou se afastar de suas atividades profissionais.
Por 4 anos, as Deusas dormiram. Embora soubesse como fazer sozinha, eu não podia.
Era um trabalho nosso, como já disse, construído passo a passo, e seguir só, era como trair o projeto original.
Até que em 2009, começou a surgir um movimento: clientes me pediam as Deusas, muitas coisas apontavam para um “renascimento”, meu próprio desejo inclusive. Mas, havia essa “lealdade” e eu relutava. Até que em nosso aniversário, eu e Martha nascemos em julho, dias 12 e 10 respectivamente, a minha parceira de trabalho me perguntou por que eu não retomava o workshop, segundo ela, havíamos criado tanto, um trabalho tão bonito e eu aceitei essa permissão que eu tanto precisava, como um presente.
Acordar as nossas Deusas, não foi uma tarefa fácil e fizemos isto com a ajuda das antigas deusas (clientes), com a ajuda do nosso desejo de renascer e com a energia delas - as Deusas - que configuram toda a expressão do Feminino, a quem servimos.